O encontro das Almas, é quando as Almas se reconhecem. Quando duas pessoas sentem uma grande atração, uma atração fatal uma pela outra, isso é memória. A grande atração entre as pessoas, a grande química, é memória. Às vezes pode acontecer de uma Alma reconhecer e a outra não, porque uma está com o canal mais aberto e a outra está mais bloqueada. É aí que se dão os grandes desgostos de amor. A pessoa sente a ligação, só que o outro não sente, o outro não reconhece, e nessa hora a dor é muito grande, é uma dor cósmica.
A questão é que as memórias dessas duas pessoas são diferentes. Imaginando uma mulher de um pescador que morre no mar. Quem morre não sente a falta. Não passa o resto da vida com saudades. Quem fica, essa sim, sente a falta a vida inteira. Depois, quando se encontram na vida atual, a que perdeu, a que sentiu a falta vai reconhecer e vai lembrar-se, inconscientemente, daquela perda, daquela falta. Pode ser um casal, pode ser mãe e filho, amigos, seja qual for a relação, essa pessoa vai ter sempre medo de perder o outro. Pode desenvolver um apego imenso por aquela pessoa. Pode até ter um ataque de pânico quando pensa em perder essa pessoa. Memória pura.
E o outro – o que morreu na outra vida – não entende esse medo da perda. Os dois não têm a mesma memória. Não têm a mesma emoção. Foram experiências diferentes para cada um deles. E é aí que surge o conflito. Um não entende porquê essa obsessão do outro. Não entende o apego. Sente-se sufocado e reage.
Normalmente, quando uma Alma perdeu outra numa outra vida, e a reencontra nesta, a ideia não é apegar-se, com medo da perda. Não é isso que está a ser pedido. Porque a ideia não é viver apegado à outra pessoa, viver em fusão. Ser só metade para ser completado pela outra pessoa. Definitivamente, a ideia não é essa.
Nesse caso, a memória inconsciente de perda está tão fresca, que as pessoas não conseguem resistir à fusão. Por isso é que assistimos a histórias de amor tão intensas, em que um não vive sem o outro, muitas discussões, muito ciúme, muito conflito. As pessoas não desenvolveram uma vida própria no passado, a dependência emocional era enorme, e nesta vida encontram-se com a mesma energia com que se perderam. Por isso o encontro é tão atribulado. Por isso a sensação tão forte de perda. São relações muito intensas, e as discussões, ciúmes e conflito têm uma origem. Essas pessoas provavelmente terão vivido vidas e vidas de perda, e continuam em perda. Continuam em dor. Continuam em memória. Na realidade, elas estão incorporando essa vida passada.
A ideia é realmente haver um desapego, mas desta vez tranquilo, por escolha e não mais por fatalidade da vida.
Um desapego em que cada um dos dois escolhe completar-se com a sua própria energia. Escolhem desta vez serem duas pessoas que caminham lado a lado, e não duas pessoas com energias em fusão – onde nem um, nem outro conseguem completamente Ser. Aí, sim, esse Karma de perda é limpo.
Se o processo for bem feito, com o tempo, aos poucos, as pessoas começam a entender. Ao irem passando pelas crises, começam a entender a proposta evolutiva da situação.
– “Desta vez terá que ser diferente. Desta vez viemos curar a dependência.”
E começam a perceber que desta vez vão ter que mudar os padrões arreigados de comportamento. Vão escolher harmonizar, vão escolher evoluir, até por fim conseguirem ir desapegando e ir percebendo que a melhor forma de estar com uma pessoa é de mãos dadas, lado a lado, num amor independente e infinito, rumo à consagração dos tempos.