Na realidade um Karma não é mais do que uma dor de uma Vida Passada, da qual não se fez o luto. Por isso essa dor vai estar vezes sendo evocada pela vida. A vida vai trazer-nos situações variadas, mas que provocam sempre a mesma dor. Para que cada um de nós aceite, se renda e consiga chorá-la.
Sempre que o evento que nos acontece tem como objetivo limpar uma dor antiga, o que acontece é completamente desproporcional. A dor tremenda que sentimos é maior do que o evento que nos aconteceu. E por quê? Porque a dor é aquela lá daquela vida, lá de trás. Este evento que está acontecendo agora, ele só existe para evocar aquela dor. Por isso, o ideal é eu conseguir chorar essa dor sem julgar, sem deixar o ego interferir:
– “Que disparate! Está chorando tanto por esta coisinha sem importância! Isso não tem nenhuma lógica.”
Como diz Jesus:
– A tristeza não tem que ter lógica. Não está no domínio da lógica. Está no domínio da emoção. E essa, não é possível medir se é muita ou pouca. Não há como saber se é adequada ou despropositada. Você só tem que fazer uma coisa: Ligação direta com o coração. Sentiu, chorou. Doeu, chorou. Emocionou, chorou. Para limpar. Sempre para limpar.
O choro por vitimização não é terapêutico. O choro por pena é. O choro por vitimização é aquele em que achamos que os outros nos fizeram mal. Ou que a própria vida nos fez mal. A pessoa acredita mesmo que não fez nada para atrair aquela situação, que o Universo tem alguns acidentes, e que aquele foi um deles. Não acredita que as coisas são perfeitas, acha que a vida é aleatória e que não é uma consequência das nossas escolhas nesta ou em outra vida. Essa pessoa não está pronta para mudar e esse choro não é terapêutico, pois é um choro de quem quer mudar os outros que lhe fizeram mal, quer mudar o que lhe fizeram, mas não quer mudar a si próprio. Não vale.
É aquele em que a pessoa não faz juízo de valores, não julga, ela só tem pena... ela sabe que foram as suas próprias escolhas que atraíram aquela situação. Sabe que é a energia que ainda tem, a energia pela qual ela ainda vibra, que está atraindo esta situação, então ela chora de rendição, de pena pelas coisas ainda serem assim, por ainda não ter conseguido mudar, por ainda ter que passar por aquilo para aprender. E esse choro é o mais poderoso de todos. Porque na realidade ele toca o âmago, o lugar mais impenetrável do ser humano. Ele toca a sua Alma. E quando a toca, dá autorização para que ela acorde. E é aí que a pessoa aceita expor a sua Alma, aceita expor a sua fragilidade. Quando a pessoa aceita que dói, ela perde a força, o ego desativa-se durante um instante e a Alma pode finalmente manifestar-se. E é por isso que depois começam a acontecer milagres. A própria vida começa a acontecer sozinha porque sempre que nós tocamos na Alma, a sua força cresce tanto que nos leva para onde temos que ir.
Como ouvi certa vez:
– “Nós não temos que fazer as coisas acontecerem. Nós só temos que permitir que elas aconteçam, porque elas acontecem sozinhas.”