Entrega é uma das palavras que Jesus mais tem dito, paralelamente a Confia.
Esta palavra tem sido tão forte que foi precisamente o título do meu primeiro livro. A doença da minha filha foi o início do processo que culminou com a Meditação de dia 28 de março de 2001, quando vi Jesus pela primeira vez. Nessa altura eu ainda não tinha iniciado o meu percurso espiritual, e comecei a ouvir uma voz – que eu não sabia de quem era. E essa voz dizia:
Entrega, entrega a sua filha. Ela é sua filha, mas ela não é sua. Você não tem nada. Nada é seu. Por isso entrega.
E eu entreguei, mesmo sem compreender nada. Sem saber o que estava fazendo. A minha filha atualmente está ótima, mas a verdade é que nestes 18 anos eu não tenho feito outra coisa senão entregar absolutamente tudo. Porque eu sei que quando nós deixamos de querer que as coisas sejam de uma determinada maneira, quando nós aceitamos que as coisas vão ser o que tiverem que ser – para que nós consigamos evoluir mais – a nossa vida ganha um enorme sentido de propósito, um grande significado.
Esta talvez tenha sido das maiores bênçãos que recebi, esse significado.
A forma de viver a minha a vida também mudou completamente. Quando começamos a entregar tudo – tudo mesmo: relações com pessoas, família, bens materiais, apegos, preocupações, controle sobre a vida, etc – começamos a receber uma imensa proteção do Céu.
– O Céu protege quem se compromete – diz Jesus regularmente.
Começamos a notar que algumas coisas acabam sendo muito melhores do que nós alguma vez pensávamos. O nosso ego acha que sabe tudo, mas a verdade é que ele é muito pouco ambicioso. Eu tenho recebido bênçãos muito maiores do que alguma vez o meu ego pode ambicionar. Muito maiores do que alguma vez o meu ego pode sequer sonhar.
O nosso ego não consegue almejar coisas muito, muito altas, porque ele quer fugir da dor. E ao fugir da dor, fica sem foco. O foco deixa de ser alcançar alguma coisa concreta e passa a ser conseguir alcançar a ausência de uma outra coisa, no caso, a ausência da dor.
A partir do momento em que eu aceito encarar a dor, aceito fazer o processo de a libertar, acesso a outras dimensões, a desenvolvimentos muito mais improváveis. E incríveis. E desafiadores.
A melhor maneira de evoluir é compreender que nada é meu, e entregar tudo ao Céu. Entregar-me ao Céu. Para que tudo seja o que tem que ser. Para que tudo seja da forma como tem que ser. Para que o rigor da energia de que somos feitos nos devolva isso mesmo. As coisas serem como podem ser na nossa vida.
Para que consigamos evoluir cada vez mais rápido. Ter acesso às lições cada vez mais rápido, aprender cada vez mais rápido. E quando nós nos dignamos a aprender, quando nós somos humildes o suficiente para perceber que nada é nosso e aceitamos aprender as lições, o grande portal energético se abre e nos leva a viver o resto da vida suspensos a 10 centímetros do chão.